sábado, 20 de março de 2010

Bio - Bactérias do fundo do mar fazem rede elétrica


Estudo dinarmaquês, achou bactéria de micróbios no oceano pela primeira vez.
Sistema equivale a pessoas trocando nutrientes e ar a distância de 20 Km; grupo ainda não sabe como truque de microrganismos ocorre.
Ricardo Bonalume Neto - Reportagem local
Imagine duas pessoas que estão a 20 Km de distância uma da outra, uma comendo sem respirar, outra só respirando sem comer e ambas mantida vivas por uma corrente elétrica entre elas. A comparação dá uma idéia da surpreendente rede elétrica montada por bactérias do fundo do mar, que acaba de ser flagrada pelos cientistas, embora ela tenha apenas 12 milímetros de extensão.
O fenômeno é ''verdadeiramente espantoso'', disse o pesquisador Kennet Nealson, da universidade da Califórnia, em comentário sobre a descoberta na revista ''Nature''. ''Para um humano, 12 milímetros não parecem ser uma distância tão grande. Entretanto, para uma bactéria, isso significa 10 mil vezes o comprimento de suas células, equivalente a 20 Km em termos humanos'', escreveu.
A comparação com pessoas - não é tão maluca assim, pois ''comer'' e ''respirar'', são atividades que elas compartilham com bactérias aeróbicas.
Seres vivos obtêm energia a partir de comida ''queimada'' com o oxigênio da respiração. Elétrons da comida, são transferidos ao oxigênio nesse processo. A equipe chefiada por Lars Peter Nielsen, da universidade de Aarhus - Dinamarca, mostrou que bactérias separadas por longas distâncias, transmitem elétrons entre si.
Eles coletaram sedimentos do fundo da baía de Aarhus, e fizeram experimentos. Quando descobriram a inusitada cooperação entre bactérias na superfície dos sendimentos, e outras em camadas mais abaixo.
As bactérias do fundo ''comem'' substâncias orgânicas e sulfeto de hidrogênio em uma região sem oxigênio, o qual se concentra na água, imediatamente acima dos sendimentos. De algum modo, os elétrons produzidos no fundo sobem para reagir com o oxigênio.
Os experimentos mostraram que, nas amostras sem oxigênio na superfície dos sedimentos, o sulfeto de hidrogênio, no fundo era ''comido'' de modo mais lento, acumulando-se. Quando se voltava a adicionar oxigênio, caíam os níveis do sulfeto.
''Vimos como processos usando oxigênio, eram ligados ou desligados a uma boa distância no fundo do mar quando adicionávamos ou removíamos oxigênio na superfície. Contudo, nós sabíamos que esse oxigênio nunca chegava ao fundo até as bactérias que os usavam. Era impossível resolver esse paradoxo, até que surgiu a idéia maluca que o fundo do mar está entrelaçado com fios elétricos naturalmente gerados'', declarou Nielsen.
Em outras palavras, todas as bactérias envolvidas obtêm energia, umas só ''comendo'', outras só ''respirando'', ligadas por correntes elétricas e criando uma espécie de ''biogeobateria''.
O próximo passo, é descobrir como são feitas as conexões, que podem ser importantes para a formação e a reciclagem dos sendimentos marinhos.

Prof. Luis Pires